domingo, 21 de julho de 2019

Vacina pentavalente está em falta nos postos de todo o país


Na capital, em 41 unidades de saúde pesquisadas, só 4 tinham doses

Patrícia Pasquini
Mariangela de Castro

A vacina pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e haemophilus influenza B, está em falta na rede pública de saúde. 

Funcionários de empresa na região da avenida Paulista recebem vacina contra o sarampo - Rubens Cavallari - 5.abr.2019/Folhapress

Ela deve ser ministrada em três doses, aos dois, aos quatro e aos seis meses de idade. O reforço deve ser feito com um ano e três meses.

Segundo o Ministério da Saúde, os lotes mais recentes da vacina recebidos do laboratório indiano Biologicals E Limeted India foram reprovados pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde) e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Como não existe laboratório produtor do insumo no país, a compra da vacina é viabilizada pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), que este ano adquiriu 4 milhões de doses da imunização, de outro laboratório indiano, com embarques previstos para este mês, agosto, setembro e outubro, mas não há previsão de normalização.

Por conta do problema, o estoque está baixo na rede pública da cidade de São Paulo. A reportagem ligou para 41 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de todas as regiões, e só quatro ainda tinham a vacina.

A imunização também começa a faltar na rede particular. Não há, por exemplo, no laboratório Lavoisier. Já no Clinivac e no Vacinar, o preço da dose varia entre R$ 300 e R$ 450.

A dona de casa Cristina Velasco, 66 anos, da Mooca (zona leste), disse que seu neto deveria ter tomado o reforço da pentavalente há dois meses. “Todos os dias perguntamos sobre a vacina na UBS Vila Bertioga, mas sempre dizem que não chegou e que a falta é nacional”, afirma.

Interior
As cidades do interior do estado, como Bauru (329 km de SP) e Ourinhos (378 km de SP), estão com o estoque zerado da pentavalente. 

Nesta quinta-feira (18), o secretário municipal de Saúde de Bauru, José Eduardo Fogolin, solicitou à Secretaria de Estado da Saúde uma cobrança maior junto ao governo federal para o envio das vacinas pelo Programa Nacional de Imunização. A prefeitura diz  que não pode comprar a vacina, uma vez que é enviada pelo Ministério da Saúde.

Em Ourinhos, a vacina não é repassada ao município há 14 dias. A Secretaria de Saúde local está orientando as mães a evitar locais aglomerados. 

Para a infectologista Raquel Muarrek, na falta é importante que os pais deem separadamente as vacinas que compõem a pentavalente. São três: a tríplice bacteriana (contra difteria, tétano e coqueluche), hepatite B e haemophilus influenza B (contra bactéria que provoca infecção que podem começar no nariz e na garganta). 

“A vacinação é importante para a criança porque ela fica fica desprotegida e pode acabar doente”, diz. “Para a população em geral porque evita a circulação de vírus”, afirma.

Resposta
O Ministério da Saúde disse que desde o dia 11 de julho já encaminha aos estados 437,7 mil doses da vacina pentavalente do laboratório Serum Índian para regularizar os estoques no país. O órgão disse que não há previsão para receber outros lotes do laboratório Biologicals E Limeted India.

A Secretaria Estadual da Saúde afirmou que o envio das doses pelo governo federal está irregular e em quantidades insuficientes.

A Secretaria Municipal da Saúde disse que foi informada pela Secretaria Estadual de Saúde que serão fornecidas 34 mil doses da vacina na próxima semana. A Covisa afirma que remanejou internamente as doses nas regiões.




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