Meninos, homens e mulheres em
idades avançadas estão no centro das discussões
No Brasil, o Ministério da
Saúde ampliou a indicação da vacina anti-HPV (Vírus do Papiloma Humano) -
associado às verrugas genitais e diversos tipos de câncer como o de colo de
útero, ânus, pênis, vulva e orofaringe - para meninos de até 15 anos. A imunização
era oferecida somente para meninas.
Apesar da redução das taxas de
câncer do colo do útero ser o principal objetivo dos programas de vacinação
contra o papilomavírus humano (HPV)- com foco em meninas de 12 a 14 anos -, há
um efeito indireto na prevalência de verrugas genitais, causadas principalmente
pelos tipos 6 e 11 do HPV, aumentando o debate sobre os benefícios da ampliação
dos programas de vacinação para mais grupos de idade e sexo. Um novo estudo
apresentado pelo Prof. Jack Cuzick, da Queen Mary University of Londres, Reino
Unido, na ESMO, European Society for Medical Oncology, evento que aconteceu
entre os dias 27 de setembro e 01 de outubro, demonstra que a vacinação em
meninos ajuda a reduzir a incidência de infecções e, indiretamente, aumenta a
proteção das meninas. Dados atuais colhidos em países com programas de triagem
cervical bem desenvolvidos mostram que o câncer de orofaringe nos homens na
faixa dos 50 e 60 anos é hoje mais comum do que o câncer de colo de útero nas
mulheres e a vacinação de meninos em idade escolar pode ajudar a reduzi-los.
A vacinação de homens, mesmo
com idade superior a 45 anos, pode ter um efeito preventivo, porém ainda requer
estudos adicionais para ser implementada em grande escala. A prevenção para
mulheres mais velhas também faz parte do debate. Embora a vacina não previna o
HPV que já causou infecção, há evidências - em mulheres de até 45 anos - de que
ela forneça proteção contra infecções para um tipo diferente de HPV e melhore a
imunidade para novas infecções.
“O estudo demonstrou que em
países como o Reino Unido, que realiza vacinação em mais de 90 % da população
alvo, possui grande redução de risco de doença. A vacinação das jovens
pré-adolescentes, adolescentes e dos meninos é de extrema importância, pois essa
faixa etária apresenta uma melhor resposta imunológica à vacina anti-HPV”, diz
a Dra. Maria Del Pilar Estevez Diz, médica associada da Clínica Onco Star e
Membro Titular da Oncologia D’Or.
A vacinação está sendo
estendida aos meninos em muitos países, mas, para acelerar seu impacto nos
casos de câncer em homens e mulheres em um futuro próximo, a vacinação também
precisará ser oferecida em idades mais avançadas.
“Apesar de existirem algumas
evidências de que adultos têm uma resposta imunológica baixa à vacina, o estudo
realizado com mulheres que foram expostas ao HPV, mostra que as pacientes
conseguem ter uma resposta imunológica maior à vacina e, portanto, ela poderia
ser eficiente”, conclui.
A equipe de médicos
brasileiros da Oncologia D’Or (Rede D’Or São Luiz) está acompanhando de perto
as novidades da ESMO, European Society for Medical Oncology. O evento é palco
para a excelência em pesquisa translacional e apresentação de dados que mudam
as práticas e discussões multidisciplinares ao redor do mundo.
Fabíola Rocha - SEGS - Portal
Nacional
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