Luiz Henrique Mandetta
justificou a suspensão de acordos com laboratórios públicos para produção de 19
medicamentos
17/07/2019 - 23:58 /
Atualizado em 17/07/2019 - 23:59
O ministro Luiz Henrique
Mandetta defendeu revisão de preços negociados pelo governo Foto: Pedro
Teixeira - 26-4-19 / Agência O Globo
RIO — O ministro da
Saúde , Luiz Henrique Mandetta , justificou a suspensão de contratos para fabricação, por
laboratórios públicos, de 19 remédios que são distribuídos no SUS e criticou
esse modelo de negócios, mas afirmou que não haverá desabastecimento.
Mandetta fez as observações em
entrevista ao programa "Frente a Frente", da Rede Vida, na noite de
quinta (17).
Ele explicou em linhas gerais
as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), por meio das quais
laboratórios públicos nacionais não apenas compram medicamentos de outros estrangeiros,
mas também incorporam a tecnologia para produzi-los.
O ministro criticou os
contratos das PDPs, afirmando que eles acabam atrelando o governo federal a
acordos desvantajosos.
— O que acontece com esse formato?
Quando você fixa o preço (para a compra dos medicamentos e a transferência da
tecnologia), durante oito anos não licita mais. O que estava valendo R$ 100 (no
contrato), o mercado passa a produzir por R$ 80, por R$ 50, surge o genérico e
faz por R$ 10, e o Brasil pagando R$ 100 porque era o preço que foi combinado
naquele momento — disse Mandetta.
O ministro também afirmou que,
em alguns casos, as PDPs levam o governo a adquirir remédios ultrapassados.
— Você tem insulinas que são
recentes, nós estamos fazendo a transferência da mais antiga, que já tem 40
anos.
Segundo Mandetta, o país tem
hoje cerca de 90 PDPs sendo executadas, das quais 19 foram suspensas .
— Nove delas, o TCU e a CGU
recomendaram expressamente que fossem suspensas, porque tinham problemas de concepção.
As outras dez nós observamos que estavam sem prazo definido. Quem não estava
dentro do cronograma, nós suspendemos até que apresentem justificativas para
não terem cumprido os prazos das fases anteriores à de produção.
Mandetta disse ainda que nenhuma
das parcerias já em fase de produção será afetada e que não haverá falta de
medicamentos no SUS.
— Pode ser que algum (dos
laboratórios suspensos) apresente uma explicação efetiva, "teve uma crise
mundial, pegou fogo na matriz", pode ser que haja alguma coisa. Mas tem de
ser repactuado. Esse modelo de PDPs, que coloca o preço da transferência junto
com o do produto e o Brasil fica preso por seis, oito anos, é algo que estamos
discutindo para que seja modificado. Se o mercado mexe com o preço, o preço (negociado
na parceria) tem de mexer. Quando você faz a PDP, o governo é impedido de
comprar mesmo se houver um medicamento 50 vezes mais barato, ou um medicamento
novo, menos obsoleto.
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